PBH e Governo do Estado criam delegacia de combate ao bota-fora ilegal na capital. Prefeito de BH convida Patrus para compor conselho consultivo. Senador mineiro se une para com governador paulista para isolar Serra na disputa pelo controle do maior partido de oposição do país. PMDB dissolve diretório da maior cidade do país. Governo Federal fala em contingenciamento orçamentário, mas a presidente nega cortes nos maiores gastos.
Os jornais locais dessa semana deram destaque aos temas acima. O que está por trás de cada notícia? A primeira delas é a retomada do espírito autoritário do Estado brasileiro em tratar tudo como problema de polícia, no caso em questão, o que deveria ser caso de polícia é a incompetência do poder público em resolver o problema. O que está por trás de todas as outras é basicamente a mesma coisa: O interesse pessoal do mandatário de plantão.
Disso todo mundo já sabe. Mas tem uma coisa que poucos analistas tem se preocupado em discutir. O que realmente está trás de tudo isso? O que todos estes fatos têm em comum? Em minha opinião, o que todos eles têm em comum é a falta de um projeto político ou mais grave ainda a falta de um entendimento do que seja nosso projeto de nação.
Essa resposta é simples e, ao mesmo tempo extremamente complexa. Isso porque outras perguntas decorrem dessa. Qual é o nosso projeto de nação? O que nós, enquanto uma nação, definimos como ideal de civilização, cidadania, progresso? O que nós entendemos por fundamental para construirmos o país que queremos construir?
Duvido que algum homem público hoje em atividade consiga responder essa questão. As respostas serão sempre retóricas e envolverão palavras e temas como erradicação da miséria, cidadania, justiça social, ética, liberdade, universalização da saúde e educação e assim por diante.
Mas a verdade é que não sabemos se o Brasil é um país agrícola ou em vias de industrialização. Em decorrência disso não sabemos se nosso modelo energético é sustentável no longo prazo, ou como desenvolver a infra-estrutura necessária ao crescimento econômico. A falta desse projeto de nação também nos ajuda a compreender a falta de uma política de Estado educacional consistente, afinal vou educar para que? E assim temos desdobramentos em todos os outros campos da vida.
Considero muito grave o fato das grandes lideranças políticas do país hoje não se preocuparem com isso. O que vemos é disputa por projetos de governo ao invés de vermos a disputa pela melhor execução das políticas de Estado, é a disputa pela maquina pública ao invés de disputarmos o futuro. É assim que uma máxima se renova a cada período eleitoral: O que o político pensa logo após se eleger? A resposta: Em como ele vai se reeleger.
Foi por isso que o prefeito procurou se unir com o seu principal adversário. Foi por isso que o senador mineiro se uniu com o governador de São Paulo. Foi por isso que o vice-presidente dissolveu o diretório de seu partido na maior cidade do país. É por isso que a Presidenta não assume que está diminuindo o ritmo do crescimento dos gastos públicos.
Não adianta falar em ficha limpa, reforma política, pacto federativo sem projeto para o país. Só depois de vencermos este debate conseguiremos, de fato, nos constituirmos uma nação soberana e desenvolvida.
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