quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

É muita noticia para nenhuma novidade...

PBH e Governo do Estado criam delegacia de combate ao bota-fora ilegal na capital. Prefeito de BH convida Patrus para compor conselho consultivo. Senador mineiro se une para com governador paulista para isolar Serra na disputa pelo controle do maior partido de oposição do país. PMDB dissolve diretório da maior cidade do país. Governo Federal fala em contingenciamento orçamentário, mas a presidente nega cortes nos maiores gastos.

Os jornais locais dessa semana deram destaque aos temas acima. O que está por trás de cada notícia?  A primeira delas é a retomada do espírito autoritário do Estado brasileiro em tratar tudo como problema de polícia, no caso em questão, o que deveria ser caso de polícia é a incompetência do poder público em resolver o problema. O que está por trás de todas as outras é basicamente a mesma coisa: O interesse pessoal do mandatário de plantão.

Disso todo mundo já sabe. Mas tem uma coisa que poucos analistas tem se preocupado em discutir. O que realmente está trás de tudo isso? O que todos estes fatos têm em comum? Em minha opinião, o que todos eles têm em comum é a falta de um projeto político ou mais grave ainda a falta de um entendimento do que seja nosso projeto de nação.

Essa resposta é simples e, ao mesmo tempo extremamente complexa. Isso porque outras perguntas decorrem dessa. Qual é o nosso projeto de nação? O que nós, enquanto uma nação, definimos como ideal de civilização, cidadania,  progresso? O que nós entendemos por fundamental para construirmos o país que queremos construir?

Duvido que algum homem público hoje em atividade consiga responder essa questão. As respostas serão sempre retóricas e envolverão palavras e temas como erradicação da miséria, cidadania, justiça social, ética, liberdade, universalização da saúde e educação e assim por diante.

Mas a verdade é que não sabemos se o Brasil é um país agrícola ou em vias de industrialização. Em decorrência disso não sabemos se nosso modelo energético é sustentável no longo prazo, ou como desenvolver a infra-estrutura necessária ao crescimento econômico. A falta desse projeto de nação também nos ajuda a compreender a falta de uma política de Estado educacional consistente, afinal vou educar para que? E assim temos desdobramentos em todos os outros campos da vida.

Considero muito grave o fato das grandes lideranças políticas do país hoje não se preocuparem com isso. O que vemos é disputa por projetos de governo ao invés de vermos a disputa pela melhor execução das políticas de Estado, é a disputa pela maquina pública ao invés de disputarmos o futuro. É assim que uma máxima se renova a cada período eleitoral: O que o político pensa logo após se eleger? A resposta: Em como ele vai se reeleger.

Foi por isso que o prefeito procurou se unir com o seu principal adversário. Foi por isso que o senador mineiro se uniu com o governador de São Paulo. Foi por isso que o vice-presidente dissolveu o diretório de seu partido na maior cidade do país. É por isso que a Presidenta não assume que está diminuindo o ritmo do crescimento dos gastos públicos.

Não adianta falar em ficha limpa, reforma política, pacto federativo sem projeto para o país. Só depois de vencermos este debate conseguiremos, de fato, nos constituirmos uma nação soberana e desenvolvida.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sobre a Liberdade de Expressão - O caso Pitágoras






Caríssimos amigos,
A liberdade de expressão é um dos pilares sobre os quais o regime democrático se apoia. Nossa Constituição garante o direito da livre manifestação das opiniões desde que esta opinião não incite atitudes preconceituosas ou a segregação social.
Venho, há alguns meses, usado os miniblogs Twitter (@carlosmmdias) e o meu perfil neste sitio (Facebook)  para expressar minha opinião a respeito de uma série de questões. Nesse tempo, falei de política, futebol, corrupção e, nas últimas semanas, tenho falado sobre educação, mais especificamente sobre as mudanças na proposta pedagógica da faculdade em que leciono (Faculdade Pitágoras).
Infelizmente, desde ontem, tenho sido “acusado” de forma infundada por perfis “Fakes”. Sobre esta situação, gostaria de esclarecer:

  1. Não abro mão do meu direito constitucional de expressar minha opinião e lutar pelo que eu considero ser meu direito.
  2. Não aceito a crítica feita por covardes que não têm a hombridade de assumir suas opiniões.
  3.  Respeito profundamente àqueles que discordam de minhas opiniões.
  4. Não abro mão de minha postura ética e transparente diante de meus alunos.
  5. Defendo um conjunto de princípios de conduta e valores norteados pela honestidade, transparência, liberdade, justiça e dignidade humanas. Não mudo de posição conforme a maré!
  6. Tenho orgulho de minha história de vida e do meu papel de educador.
  7. Repudio práticas fascistas, o assédio moral e qualquer outra prática que não respeite os valores acima explicitados.
Por tudo isso, fico à vontade para afirmar que nada que publico em meus miniblogs está fundamentado em falácias ou mentiras e que todos  sempre têm todo o direito de discordar.
Se não concordo com as mudanças que estão ocorrendo na instituição em que trabalho e resolvo tornar minha opinião pública, é porque, antes de tudo, eu verifiquei as informações que estou divulgando.
Assim sendo, é fato:

  • que a mudança do projeto pedagógico visa, exclusivamente, à diminuição de custos e ao aumento da margem de lucro da IES (conforme consta no balanço trimestral da instituição divulgado no mercado);
  • que a mudança em curso irá provocar a demissão de aproximadamente 200 professores da unidade BH (fato confirmado junto a algumas lideranças da instituição, que me pediram reserva em relação à divulgação de seus nomes);
  • que mesmo os professores que ficarem na instituição terão redução de, pelo menos, 1/3 em sua carga horária (mesma fonte);
  • que em virtude dessas mudanças os alunos teriam menos horas/aula diárias que seriam complementadas por diversas atividades (conforme amplamente divulgado pela instituição em diversos veículos).
Dessa forma, por motivos óbvios, EU discordo da posição da instituição de que essas mudanças promoverão uma melhoria na qualidade da educação ofertada,. Afinal, como menos aulas podem melhorar a educação? Se concordasse com isso, eu estaria aceitando o fato de que o professor não é personagem fundamental na formação do aluno, o que é um verdadeiro absurdo!
Essas mudanças comprometem não só a qualidade da educação ofertada, como também a imagem de uma organização na qual, até o momento, eu tenho orgulho de trabalhar. Comprometem também a dignidade do trabalho  docente ao substituí-lo por “atividades complementares”.
Por tudo isso EU apóio a iniciativa de meus colegas docentes e do Sinpro-MG em conduzir esse enfrentamento em nome não só dos nossos empregos, mas da educação de qualidade e da dignidade do trabalho docente. Nesse sentido, abraço a solidariedade dada pelo Sinpro-MG  à mobilização pacífica e legítima dos estudantes na busca pelos seus direitos
Democracia é isso aí!
Agradeço a paciência pelo texto extenso, mas foi preciso!